Novos ou bem reformados, imóveis no topo dos prédios conquistam clientes em busca de áreas que combinem lazer privativo ao ar livre e vistas privilegiadas da cidade

O sonho de viver em um apartamento espaçoso, com área de lazer privativa ao ar livre e vista deslumbrante da cidade tem levado cada vez mais pessoas a comprar coberturas em São Paulo. Esses imóveis — sejam novos ou bem reformados — têm registrado alta liquidez no segmento de topo do mercado imobiliário na capital paulista.

No caso dos lançamentos, essas unidades costumam ser vendidas mais rapidamente. “Cerca de 70% a 80% das coberturas dos empreendimentos novos são as primeiras a serem negociadas”, afirma Alvaro Marco Coelho da Fonseca, diretor executivo e administrador da Coelho da Fonseca.

Os empreendimentos Kalea Jardins, Bueno Brandão 257 e Vizcaya Itaim são exemplos desse frenesi junto aos clientes de alta renda. No último caso, por exemplo, a cobertura foi vendida por R$ 79 milhões, em meados de 2023, antes mesmo do início das obras.

“Existe um público específico que busca coberturas para viver com a família em um apartamento amplo, espaçoso, com área de lazer externa e vista privilegiada. Em geral, essas pessoas preferem os bairros de Jardins, Itaim e Vila Nova Conceição”, explica.

O espaço de lazer no último piso dos residenciais — com piscina, jardim e área gourmet — é o principal motivo da atual supervalorização das coberturas, acredita Marcello Romero, CEO da Bossa Nova Sotheby’s. “A possibilidade de convívio e de lazer ao ar livre ganhou uma importância muito grande nos últimos anos. Projetos assim, bem resolvidos, têm dado às coberturas um novo status no mercado”, comenta.

O executivo lembra que a tendência é relativamente recente. “Não muito tempo atrás, havia incorporadores que desistiam de incluir esses imóveis nos projetos pela falta de interessados. Hoje são os apartamentos mais cobiçados pelos clientes.”

REFORMADAS COM CLASSE

Romero destaca que o fenômeno também se repete no segmento de imóveis para revenda: coberturas de terceiros, bem reformadas e com plantas funcionais também têm sido bastante procuradas.

Gustavo Saraiva e Marcus Grigoletto, ambos fundadores da Loft, perceberam essa tendência do mercado e partiram para um novo desafio. No início do ano passado, abriram em sociedade a Dupllex Imóveis, cujo modelo de negócio é focado exclusivamente em comprar, reformar e revender coberturas na capital paulista.

“Vínhamos observando uma demanda grande já na pandemia, em razão do ‘lockdown’ que levou as pessoas a buscarem mais espaços ao ar livre”, conta Saraiva. Ele afirma que mesmo quem saiu da capital paulista naquele período já não queria voltar a viver enfurnado em um apartamento quando precisou voltar. As vendas de coberturas, portanto, mantêm-se aquecidas desde então.

A Dupllex já fez duas entregas e está com oito obras em andamento. O VGV do ano passado ficou na faixa dos R$ 60 milhões. “Procuramos oportunidades nos Jardins, em Moema e no Itaim. O ticket médio de compra é de R$ 5 milhões, e investimos outros R$ 2 milhões na reforma”, diz Saraiva.

Uma dessas oportunidades foi uma cobertura de 396 metros quadrados com vista eterna para a charmosa Rua Oscar Freire, nos Jardins. “Foi um projeto bastante emblemático. Era um apartamento onde havia uma piscina enorme logo na entrada do segundo andar e nenhuma integração entre os ambientes internos e externos”, lembra ele.

Na reforma, os arquitetos do Estúdio Pluri, parceiros da Dupllex, mudaram a piscina de lugar e a cercaram com um peitoril de vidro para garantir o visual da cidade, nivelaram as áreas de dentro e de fora e criaram um espaço gourmet com churrasqueira. “Os antigos donos, que moraram ali por décadas, visitaram o apartamento depois de pronto e ficaram emocionados”, conta Saraiva. A cobertura em questão foi revendida por R$ 9,5 milhões.

Os apartamentos da nova empresa são entregues com acabamentos, grande parte da marcenaria pronta e equipamentos embutidos. Outro sócio da empresa, Marcus Grigoletto, lembra que é possível personalizar plantas e interiores conforme o gosto do comprador — e dependendo do momento da obra também.

“É uma tendência pós-pandemia: as pessoas ficaram traumatizadas com a demora das reformas naquela época e passaram a procurar imóveis já prontos para morar”, afirma. “E, como esses apartamentos ‘plug’n play’ têm mais liquidez no mercado, buscamos trazer essa facilidade para o nosso cliente final.”